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Em 2013 foi detetada a presença de carne de cavalo em hambúrgueres e outros produtos com destino ao consumo humano, gerando uma preocupação em vários países. 

As autoridades de regulação e saúde pública encontraram vestígios de fenilbutazona em pequenas percentagens em carcaças de cavalos destinados ao consumo humano. A Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE em portugal) "considerou que, face aos dados disponíveis, a presença de carne de cavalo em produtos alimentares, sem que tal fosse mencionado na etiqueta, prefigurava apenas uma situação de fraude económica, sem impacto na saúde pública". [1]

 

Porém a pergunta mantém-se:

Existe risco para os consumidores? Será a Fenilbutazona uma situação de risco potencial?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Probabilidade de os consumidores serem expostos a fenilbutazona através do consumo de carne de cavalo foi estimada baixa, levando em conta os resultados da monitorização da fenilbutazona em carne de cavalo durante um período de 8 anos, incluindo o plano de testes reforçado realizado em março de 2013, pela EFSA. A fenilbutazona não é permitida na cadeia alimentar e a presença desta substância na carne de cavalo é o resultado da entrada ilegal na cadeia alimentar de carcaças de cavalos tratados com a substância. De acordo com a legislação da UE, o tratamento de cavalos com fenilbutazona deve estar referido no seu registo veterinário, resultando na rejeição definitiva destes animais para consumo humano. [2]

O relatório da EFSA concluiu que a probabilidade de um indivíduo com predisposição para anemia aplástica desenvolver esta condição é baixa, entre 2 em um trilhão e 1 em 100 milhões, se este consumir carne de cavalo contaminada com fenilbutazona. Esta estimativa leva em conta a probabilidade de os consumidores serem expostos num determinado dia à fenilbutazona tanto da própria carne de cavalo como de produtos à base de carne de cavalo com adulterados. Além disto, existe evidência de que os efeitos tóxicos são dependentes da dose de fenilbutazona. [2]

 

Assim, as concentrações de fenilbutazona no músculo do cavalo são pelo menos 10 vezes menores do que as concentrações desta no plasma; depois de uma dose elevada de fenilbutazona por via IV (8,8 mg/kg), a eventual quantidade de fenilbutazona ingerida  pelo homem seria ~40 µg no total, ou seja, um consumidor teria de comer 300g de carne de cavalo de uma só vez. Portanto menos de 1/1000 de uma dose terapêutica fenilbutazona no homem. Este valor compreende uma exposição muito mais baixa do que com a dose terapêutica recomendada em seres humanos (2-6 mg/kg ou 140,000-450,000 µg no total para uma pessoa de 70 kg). [3]

 

A principal preocupação sobre a segurança dos resíduos de fenilbutazona relaciona-se com a ocorrência de anemia aplástica em seres humanos; no entanto, este efeito colateral foi relatado em humanos apenas com uma baixa taxa de ~1 em 20,000-100,000 e sem evidências claras contra a dependência da dose. A UE tentou determinar o limite máximo de resíduos (LMR), ou seja, as concentrações de alimento ao qual o consumidor pode ser potencialmente exposto diariamente por uma vida inteira, sem consequências danosas; o risco associado à ingestão por seres humano foi considerado muito improvável, porém a fenilbutazona é considerado um medicamento proibido nos animais de consumo humano. [3]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Qual é a situação da fenilbutazona em alimentos na UE?

A EMA (European Medicines Agency) avaliou a fenilbutazona em 1997, com o propósito de estabelecer limites máximos de resíduos (LMR) nos alimentos de origem animal. Os dados disponíveis na época não permitiram tirar uma conclusão sobre o nível de fenilbutazona que poderia ser considerado seguro em alimentos de origem animal. Como não foi possível estabelecer o LMR, os animais tratados com fenilbutazona não estão autorizados a entrar na cadeia alimentar. [2]

A EFSA e a EMA concluíram que, embora a genotoxicidade da fenilbutazona não possa ser excluída, esta foi considerada improvável. O risco de Toxicidade também foi considerado de baixa preocupação, dado os baixos níveis estimados de droga para que os consumidores poderiam ser expostos através da dieta. Ao estimar níveis possíveis de fenilbutazona em alimentos, os cientistas usaram a maior concentração da droga relatado no programa de testes realizados pelos Estados-Membros. [2]

 

 

 

 

 

 


 

[1] Carne de cavalo: DECO deteta medicamento proibido, Deco proteste 7 Março 2013 em http://www.deco.proteste.pt/alimentacao/seguranca-alimentar/noticia/carne-de-cavalo-deco-deteta-medicamento-proibido [Consultado em 17/05/2014]

[2] Lees P, Toutain PL (2013) Pharmacokinetics, pharmacodynamics, metabolism, toxicology and residues of phenylbutazone in humans and horses. Vet J 196: 294–303

[3] http://www.efsa.europa.eu/en/faqs/phenylbutazone.htm [European Food Safety Authority, consultado em 17/05/2014]

[4] EFSA/EMA, 2013. Joint statement of EFSA and EMA on the presence of residues of phenylbutazone in horse meat. European Food Safety Authority Journal 11,3190 (45 pages).

 

  • A EFSA classificou como baixa a probabilidade de os consumidores serem exposto à fenilbutazona através do consumo de carne; [2]

  • Aquando de uma administração de fenilbutazona num cavalo (8,8mg/kg) a eventual concentração ingerida pelo homem seria ~40 µg, sendo necessário comer 300g de carne de uma vez! [3] 

  • Toxicidade nos alimentos foi considerada de baixa preocupação, improvável mas não podendo ser excluída. [2]


 
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Fonte: [1]

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